E, mesmo assim, continua a pressupor que o objeto ainda esteja escondido em algum lugar neste recinto! Quando comecei a conceber este livro, imaginei um formato convencional de auto- ajuda no qual o Dalai-Lama apre-. Descobri que seu enfoque abrangia um paradigma muito mais amplo e multifacetado, que englobava todas as sutilezas, a riqueza e a complexidade que a vida tem a oferecer.
Ao perceber uma camareira do hotel parada perto dos elevadores, ele parou para perguntar de onde ela era. Depois, ela sorriu. Nunca sabemos. O que confere sig. Suponhamos, por exemplo, que estejamos parados num congestionamento. Parece que aproveito cada dia mais do que jamais aproveitei antes.
E, se analisarmos de momento a momento, estou mais feliz agora do que nunca fui. Comecei a explorar a espiritualidade pela primeira vez na minha vida, lendo um monte cie livros e conversando com as pessoas No entanto, podemos usar esse mesmo prin. Pediu-se a outro grupo que completasse a frase "Eu gostaria de ser Naturalmente, devemos encarar esse fator com muita seriedade.
Ao atravessar o estacionamento para ir me encontrar com o Dalai-Lama numa tarde, parei para admirar um Toyota Land Cruiser novinho em folha, o tipo de carro que vinha querendo havia muito tempo. O senhor poderia falar um pouco sobre o desejo? O desejo da felicidade. O desejo da paz. O desejo de um mundo mais harmonioso, mais amigo. Realmente adoro supermercados porque posso ver muita coisa bonita. Por exemplo, no caso do anseio por bens mais caros, se ele estiver baseado numa atitude mental que simplegmente quer cada vez mais, a pessoa acaba atingindo um limite daquilo que consegue adquirir e se defronta com a realidade.
De uma forma ou de outra, ela continua contente. Quando o entrevistador perguntou com. Podemos nos relacionar com eles porque ainda somos um ser humano, dentro da comunidade humana. Por um lado, pode-se ter uma pessoa rica e. Fizeram-lhe a oferta de um emprego numa linda cidadezinha nas montanhas. Era perfeito.
Seu uso do termo "prazer" me fez lembrar as palavras do Dalai-Lama; e, procurando me aprofundar um pouco, fiz uma pergunta. Ela ficou calada um instante, sem saber como encarar a pergunta. Acho que me traria. E resolveu permanecer em Phoenix. Ela nos torna mais receptivos, mais abertos, para a alegria de viver. Urria vez que nos demos conta disso, tornamo-nos determinados a valorizar, desenvolver.
E, da mesma forma, transformar a mente leva tempo. Todos os dias,. Por meio do treinamento, podemos mudar, podemos nos; trans. Ou ainda, posso me irritar e gerar alguma raiva; mas, da mesma forma, ela se dissipa com rapidez. O Da lai-Lama vem se dedicando ao treinamento da mente desde os quatro anos de idade. Em conversa posterior relacionada ao treinamento da mente para a felicidade, o Dalai-Lama salientou o seguinte ponto.
O Dalai-Lama parou de falar por um instante e pareceu estar refletindo, organizando os pensamentos. E define um comportamento salutar como o que resulte em felicidade.
Depois, com uma risada vigorosa, cheia de boa vontade, ele respondeu. Digamos, por exemcruciais. Muito embora nossa socieda nos refreamos. Por exemplo, no controle da raiva. E isso a partir do nasmento. E, sem o afeto por. Podemos ver. Para entendeer isso, basta refletir sobre como nos sentimos quando os; outros. Ipois, ao ecaminar tudo isso, allgumas. Foi um longo dia! Ele considerava a humanidade violenta, competitiva, em constante coni.
Quando questionado a respeito desa um men c. Ao examinar o tema da natureza humana essencial, a maioria dos pesquisadores rio campo percebe atualmente que no fundo temos o potencial para nos tornarmos pessoas serenas, atenciosas, ou pessoas violentas, agressivas.
Em estudos, como por dr. Estudiosos como C. Linda Wilson, procuram descobrir por que isso acontece. Encarar os outros como seres essencial- e bondosos, em vez d h. Ele pensou por um instante. Tento procurar seus aspectos positivos. Uma vez que se aceite. Cria uma atmosfera amiga e positiva. No entanto, sem a atitudsignificativa com ela. No entanto, sem a atitude. Apesar da minha smrpresa inicial, encuanto eu o ouvia falar com tantom tanta.
Eu mesmo estava menos fascinado. Enquanto ele falava, mira mente passou a divagar. A certa altura, pude sintonizar para ouvir o que ele dizia, " Embora sempre tenha valorizado e apreciado meus ami. Segura de si mesma. Que na realidade se orgulhava de possuir essa qualidade. Enquanto ele falava, comecei a pensar em quantas pessoas estariam envolvidas na feitura da minha camisa.
Depois, o vendedor que vendeu ao lavrador o trator para arar a terra. E todos os projetistas do trator. Senti que me enternecia. Alguma coisa. Fez com que eu sentisse vontade de chorar. E, com muitas dessaores e a outros. Depois de entrevistarem milhares de pessoas, os. John Bowlby concordou, citando um bom volume de provas experimentais e pesquisas que corrobo.
De acordo com o enfoque do Dalai-. No entanto, quando nos voltamos para. Thomas Patrick Malone e dr. Patrick Thomas Malone, pai e filho. Esse ponto de vista pode nos limitar ao extremo, iso-. Fico a me perguntar. Muitas, imagino eu. Estava alguns minutos adiantado. Eles me pareceram conhecidos. Lembrei-me de ter sido apresentado rapidamente a eles alguns dias antes. Disseram-me que a mulher era uma herdeira muito conhecida, e o marido, um advogado extremamente rico e poderoso, de Manhattan.
Pode-se primeiro ter de ferver os legumes separadamente. E, finalmente, o resultado seria esse prato delicioso.
O Dalai-Lama pensou por um instante antes de responder. A capacidade de avaliar o sofrimento do outro. Para encerrar a conversa, fiz uma pergunta. Repetindo as palavras que havia proferido no Arizona muitos meses antes, ele respondeu com uma doce simplicidade. Todos nascemos do mesmo modo; e todos morremos. Ele pensou por um momento. Naquela noite, fui convidado a jantar na casa de alguns amigos tibetanos em Dharamsala.
Meus amigos programaram uma noite que se revelou bastante animada. Por me interessar por livros, abordei o escritor e comecei uma conversa. Fiz perguntas sobre sua obra. Na realidade, sofreu muito. O que acabou acontecendo foi que me encontrei novamente com Rolf e a mulher no final daquela semana,. Um salpicou tinta vermelha nos meus sapatos sem que eu percebesse. Naquela tarde, almocei com uma colega no hotel. O motorista fez cara de poucos amigos para mim pelo espelho retrovisor, mas seguiu em frente.
Minha amiga estava chocada. Minha amiga estava envergonhada. Joguei algumas rupias no banco da frente e, sem. Sua vida simplesmente parecia triste Perplexo, na realidade, com o pouco que eu de fato havia absorvido dos ensinamentos do Dalai-Lama. Deve ser bom, pensei. E assim prosseguiu a conversa. Mas, quando um casamento fracassa, os esposos vivem um inferno em casa. Portanto, quan. Por outro lado, existe outro tipo de amizade. Um tipo tem como base o puro desejo sexual. Se disserem alguns anos, parece melhor.
Toquei nele no dia seguinte. O que o senhor acha disso? Cada criatura era agora duas, e cada metade ansiava por se fundir com a outra metade. Parece ser uma necessidade humana universal e inconsciente. Perfeitos um para o outro. De repente, ela apareceu. Conversamos depois, e tudo ficou esclarecido. Estou dormindo como um anjo. Eu realmente achava que tinha encontrado minha parceira ideal. Cheguei a falar em casamento com ela. Mas parecia que, quanto mais proximidade eu queria, mais ela se afastava.
Finalmente, ela terminou comigo. Depois disso, fiquei realmente deprimido por umas duas semanas. Retomamos a terapia. Parece claro que, como fonte de felicidade, o romance deixa muito a desejaromance deixa muito a desejar.
O ranance adquiriu uma qua. Exploramos anteriormente o papel da proximidade e da intimidade como importante componente da felicidade humana.
No entanto, se hou-. O compartilhamento do sofrimento dolo outro. Ocorre um entorpecimento, quase como se nossas faculdades estivessem embotadas. Vossa Santidade, o senhor diz que a com.
Uma pro-. O Dalai-Lama parou de falar por um instante para refletir. No entanto, ele ainda assim continuava a ver inimigos por toda parte. E, naturalmente, quanto mais desumano e poderoso ele se tornava, maior era sua infelicidade. Quem poderia dizer? Felizmente, conseguiu com o tempo abandonar a bebida, com a ajuda dos AA. Agora tenho uma pequena empresa de reformas disse , ele, ao falar da sua vida atual.
Prefiro passar meu. Depois de alguns minutos,. Terceira Parte. Dizia-se que o Buda teria esse medicamento. A mulher. Uma filha nessa aqui, um criado na outra, em outras um mnarido ou pa. Ocasionalmente, esses mecanismos de defesa podem ser totalmente primitivos, como a simples recusa a admitir que exista um problema. O sofrimento somente pode ser evitado temporariamente. Vou sentir falta dele, mas a vida continua. Mas com o tempo elegi acabam ocorrendo de qualquer modo. Download Free PDF.
A arte da felicidade dalailama. Fabio Santos. A short summary of this paper. Download Download PDF. Translate PDF. Ele considerava a humanidade violenta, competitiva, em constante conflito e preocupada apenas com interesses pessoais. Ao examinar o tema da natureza humana essencial, a maioria dos pesquisadores no campo percebe atualmente que no fundo temos o potencial para nos tornarmos pessoas serenas, atenciosas, ou pessoas violentas, agressivas. E, ao mesmo tempo, nenhuma alternativa, como por exemplo uma tica secular, veio substitu-Ia.
Por isso, parece que se dedica menos ateno necessidade de levar um estilo saudvel de vida. Por exemplo, embora eu pessoalmente acredite que nossa natureza humana essencialmente benvola e compassiva, tenho a impresso de que no basta que essa seja nossa natureza fundamental; devemos tambm desenvolver uma valorizao e conscientizao desse fato.
E a transformao de como nos percebemos, atravs do aprendizado e do entendimento, pode ter um impacto muito verdadeiro no modo como interagimos com os outros e como conduzimos nosso dia-a-dia. Ou seja, se algum pe a mo no fogo, ele se queima. A pessoa recolhe a mo, tendo aprendido que esse comportamento resulta em sofrimento.
No preciso um longo aprendizado ou treinamento para que ela aprenda a no mais tocar no fogo. Por exemplo, o senhor alega que a raiva e o dio so emoes nitidamente negativas e que acabam levando ao sofrimento. Mas por que preciso que a pessoa seja instruda a respeito dos Jeitos danosos da raiva e do dio para elimin-los? Como a raiva causa de imediato um estado emocional desagradvel, e sem dvida fcil perceber diretamente essa perturbaao, por que as pessoas no passam simplesmente a evit-la no futuro de modo espontneo e natural?
Depois, com uma risada vigorosa, cheia de boa vontade, ele respondeu. Quando se q tmento, maor ser sei ' soluo de um problema, preciso compreender por isso que eu considero a educao e o conhecimento dade ou a der que h muitos nveis diferentes.
Digamos, por exemplo cruciais. Por isso, comiam exatamente como o interior, ele obse um animal selvagem. E at mesmo na atualidade, se estamos com almais criatvas. Muito embora nossa socieda nos refreamos. Portanto est claro que quanto mais sofisde no d nfase a a esse aspecto, a aplicao mais valiosa , ticado for o nvel do nosso conhecimento, com maior efido conhecimento e o da instruo a de nos ajudara enten-.
Por exemplo, no controle da raiva. Apesar de os vocar mudanas de animais poderem experimentar a raiva, eles no podem bom corao. No caso dos seres humanos, porm, h um nvel diferente, no qual se tem uma espcie de percepo de si mesmo que permite refletir e observar que, quando a raiva surge, ela prejudica a pessoa. Portanto, pode-se concluir que a raiva destrutiva. Logo, no se trata de algo to simples quanto pr a mo no fogo, queimarse e aprender a nunca mais fazer isso no futuro.
E est claro que os sentimentos de amor, afeto, intimidade e compaixo trazem a felicidade. Creio que cada um de ns dispe da base para ser feliz, para ter acesso aos estados mentais de amor e compaixo que produzem a felicidade afirmou o Dalai-Lama. Pode-se, entretanto, adotar esse enfoque sem que seja preciso recorrer doutrina budista da "Natureza do Buda.
H tambm outros fatores nos quais baseio essa crena. Para mim o tema do afeto humano ou da compaixo no apenas uma questo religiosa. Trata-se de um fato indispensvel na vida do dia-adia. E isso a partir do nascimento. Nosso primeiro ato aps o nascimento o de mamar o leite da nossa me ou de outra mulher. Sem ele,no podemos sobreviver.
Isso claro. E esse ato no pode ser realizado a menos que exista um sentimento mtuo de afeto. Por parte da criana, se no houver nenhum sentimento de afeto pela pessoa que estiver amamentando, se no houver nenhum vnculo, pode acontecer de a criana no mamar.
E, sem o afeto por parte da me ou da outra pessoa, pode ser que o leite no flua livremente. E assim a vida. Assim a realidade. Podemos ver na filosofia budista, a "Natureza do Buda" refere-se a uma natureza da mente que oculta, essencial e extremamente sutil.
Esse estado da mente que existe em todos os seres humanos, totalmente imaculado por Moes ou pensamentos negativos. Inversamente,as sentimentos de frustrao, de medo,agitao e de raiva podem ser danosos nossa sade' "Podemos ver tambm que nossa sade emocional beneficiada por sentimentos de afeto. Para entender isso, basta refletir sobre como nos sentimos quando os outros nos demonstram cainho e afeto. Ou ainda, observamos como nossos prprios sentimentos ou atitudes afetuosas de modo natural e automtico nos afetam de dentro para fora, como fazem com que nos sintamos.
Essas emoes mais suaves e os comportamentos positivos que as acompanham propiciam uma vida familiar e comunitria mais feliz. E se esse o caso, faz ainda mais sentido tentar levar uma vida que esteja em harmonia com essa doce natureza fundamental do nosso ser.
O Dalai-Lama fixou a cabea, pensativo, por um instante antes de responder. Elas podem apontar para a histria da humanidade, sugerindo que, em comparao com o comportamento de outros mamferos, o do ser humano muito mais agressivo. Ou ainda, podem alegar, " verdade, a compaixo faz parte da nossa mente. Mas a raiva tambm faz parte da nossa mente. Elas pertencem nossa natureza em termos iguais. As duas se encontram mais ou menos no mesmo nvel. Essa a caracterstica predominante da natureza humana. A raiva, a violncia e a agressividade podem sem dvida surgir, mas para mim isso ocorre num nvel secundrio ou mais superficial.
Em certo sentido, elas surgem quando nos sentimos frustrados nos nossos esforos para alcanar o amor e o afeto. No fazem parte da nossa natureza mais bsica, mais fundamental.
Ora, ao examinar a evoluo humana, creio que nosso corpo fsico pode ter sido muito fraco em comparao com o de outros animais. No entanto, graas ao desenvolvimento da inteligncia humana, fomos capazes de usar muitos instrumentos e descobrir muitos mtodos para superar condies ambientais adversas.
Por isso, creio que nossa natureza bsica ou fundamental a serenidade,e que a inteligncia um desdobramento posterior. Creio tambm que, se aquela capacidade humana, aquela inteligncia humana, apresentar um desenvolvimento desequilibrado, sem que seja adequadamente compensada pela compaixo, nesse caso ela pode tornar-se destrutiva.
Pode ter conseqncias desastrosas. Quando a inteligncia e a bondade ou afeto so usados em conjunto, todos os atos humanos passam a ser construtivos. Quando combinamos um corao amoroso com o conhecimento e a educao, podemos aprender a respeitar as opinies e os direitos dos outros.
Isso se torna a base de um esprito de reconciliao que pode ser usado para dominar a agressividade e resolver nossos conflitos. Foi um longo dia! Apanhou os sapatos, que havia descalado durante a conversa, e se recolheu para seu quarto.
A noo de que o comportamento humano essencialmente egocntrico, de que no fundo mesmo cada um por si, est profundamente enraizada no pensamento ocidental. A idia de que no s ns somos inerentemente egostas mas de que a agressividade e a hostilidade fazem parte da natureza humana essencial domina nossa cultura h sculos.
Naturalmente, ao longo da histria houve um bom nmero de pessoas com opinio contrria. E um sculo depois, at mesmo Charles Darwin atribuiu um "instinto de solidariedade" nossa espcie. No entanto, por algum motivo, a viso mais pessimista da humanidade est arraigada na nossa cultura, pelo menos desde o sculo XVII, sob a influncia de filsofos como Thomas Hobbes, que tinha uma opinio bastante negativa da espcie humana.
Ele considerava a humanidade violenta, competitiva. Ocupada apenas com interesses pessoais. Hobbes, foi uma vez flagrado dando esmola a um mendigo na fila. Quando questionado a respeito dessa ao generosa, ele alegou no estar fazendo aquilo se importando com o mendigo; estava s aliviando sua prpria conscincia para ajudar diante da pobreza do homem.
Desta mesma forma, no incio deste sculo, o filsofo SantaYana escreveu que impulsos generosos, embora possam existir, costumam ser fracos na natureza humana, mas "cave um efmeros abaixo da Superfcie e descobrir um ser feroz, profundamente egosta".
Infelizmente, a psicologia existente, ocidental apoderaram-se de idias como essa, a cincia e at fomentaram essa viso do egosmo. A deram sana primeiros tempos da moderna psicologia cientfica a partir de uma pressuposio geral e fundamental de que fica, houve uma motivaoque em ltima anlise egosta, toda a mente no interesse pessoal.
Se ada meras de aceitar implicitamente a premissa do nosso egosmo essencial, uma srie de cientistas proeminente egocentristas dos ltimos cem anos acrescentou a ela uma tese ao longo da natureza agressiva essencial dos humanos.
Freud cr que a inclinao agressividade uma disposio afirmou qual, instintiVa e que subsiste por seus prprios o origine segunda metade deste sculo, dois autores em meios". Na;obert Ardrey e Konrad Lorenz, observaram papel especial, ao comportamento animal em certas espcies de padres e concluram que os seres humanos eram basicamente e predadores tambm, providos de um impulso inato para lutar por territrio.
Nos ltimos anos, porm, a mar parece estar se voltando contra essa viso profundamente pessimista da humanidade, aproximando-se mais da percepo do Dalai-Lama da brandura e compaixo da nossa natureza latente. Ao longo das duas ou trs ltimas dcadas, houve literalmente centenas de estudos cientficos que indicaram que a agressividade no essencialmente inata e que o comportamento violento influenciado por uma variedade de fatores biolgicos, sociais, situacionais e ambientais.
Talvez a declarao mais abrangente sobre as pesquisas mais recentes esteja resumida na Declarao sobre a Vivncia de Sevilha de , que foi redigida e firmada por vinte cientistas de renome, do mundo inteiro.
Nesse texto, eles naturalmente reconheceram que o comportamento violento ocorre, sim, mas afirmaram categoricamente que incorreto em termos cientficos dizer que temos uma tendncia herdada para entrar em guerras ou para agir com violncia. Esse comportamento no est programado geneticamente na natureza humana. Disseram que, apesar de termos o sistema neural necessrio para agir com violncia, esse comportamento em si no ativado de modo automtico.
No h nada na nossa neurofisiologia que nos obrigue a agir com violncia. Ao examinar o tema da natureza humana essencial, a maioria dos pesquisadores o percebe atualmente que no fundo temos o potencial para nos tornarmos pessoas serenas, atenciosas, ou pessoas violentas, agressivas. O impulso que acaba sendo realado em grande parte uma questo de treinamento.
Pesquisadores contemporneos refutaram a idia da agressividade inata da humanidade. No s isso, mas a idia do "mim" e "meu". Essa necessidade de fortes hoje. Em estudos, como por dr. Larry Scherwitz, com o objeto de risco para a doena coronrias em pessoas que tinham o foco suras aquelas que se referiam o nomes "em de que os seres humanos tm um egosmo inato tambm est sofrendo ataque.
Estudiosos como C. Daniel Batson ou Nancy Eisenberg, da Arizona State University,realizaram numerosas pesquisas ao longo dos ltimos anos que demonstram que os seres humanos tm uma tendncia ao comportamento altrusta. Alguns cientistas, como a sociloga dra. Linda Wilson, procuram descobrir por que isso acontece.
Ela props a hiptese de que o altrusmo pode fazer parte do nosso instinto bsico de sobrevivncia - o exato oposto de idias de pensadores anteriores que postulavam que a hostilidade e a agressividade eram a principal caracterstica do nosso instinto de sobrevivncia. Ao examinar mais de cem catstrofes naturais, a dra. Wilson descobriu um forte padro de altrusmo entre as vtimas, que parecia fazer parte do processo de recuperao.
Descobriu que o trabalho em conjunto para ajudar uns aos outros costumava afastar a possibilidade de problemas psicolgicos no futuro, problemas que poderiam ter resultado do trauma. A tendncia a criar fortes laos com outros, em aes destinadas ao bem-estar dos outros tanto quanto ao prprio, pode estar profundamente enraizada na natureza humana, tendo sido criada no passado remoto, quando aqueles que se uniam tinham chance maior de sobreviver os vnculos sociais, persistem como um exemplo realizado com motivo de pesquisar os fatores ariana.
Com maior freqncia numa entrevista, tinham maior Probabilidade de desenvolver doena coronariana mesmo quando outros comportamentos prejudiciais sade estavam sob controle.
Cientistas esto descobrindo que as pessoas a quem faltam fortes laos sociais parecem ter sade frgil, nveis mais altos de infelicidade - uma maior vulnerabilidade ao estresse. Tomar a iniciativa de ajudar os outros pode ser to essencial nossa natureza quanto a comunicao. Seria possvel traar uma analogia com o desenvolvimento da linguagem que, semelhana da capacidade para a comPaixo e o altrusmo, uma das esplndidas caractersticas da espcie humana.
Determinadas reas do crebro,e especificamente devotadas ao potencial para a linguagem. Se formos expostos s condies ambientais adequadas, ou seja, a uma sociedade que fala, essas reas distintas do crebro comeam a se desenvolver e a amadurece medida que nossa capacidade para a linguagem for crescendo.
Da mesma forma, todos os seres humanos podem nascer com o dom natural com a "semente da compaixo" Quando ePsta s condies adequadas - em casa, na sociedade como um todo e, mais tarde talvez, por meio com os nossos prprios esforos direcionados - essa "semente vicejar. J identificaram alguns fatore: capazes de moderar suas prprias emoes,que sejam modelos de comportamento atencioso, que estabelea" limites adequados para o comportamento dos filhos, que comuniquem criana que ela responsvel pelo seu prprio comportamento e que usem a argumentao para ajudar a direcionar a ateno da criana para estados emocionais ou afetivos bem como para as conseqncias do seu comportamento sobre os outros.
Uma reviso dos nossos pressupostos bsicos acerca da natureza latente dos seres humanos, de hostil para solidria, pode abrir novas possibilidades.
Se comeamos por pressupor o modelo de todo o comportamento humano baseado no interesse pessoal, um beb serve de exemplo perfeito, como "prova" dessa teoria.
Ao nascer, os bebs parecem estar programados com apenas uma idia na cabea: a gratificaro das suas prprias necessidades- alimento, conforto fsico e assim por diante. Entretanto,se eliminarmos esse pressuposto egosta bsico, um quadro totalmente novo comea a surgir. Poderamos com a mesma facilidade dizer que um beb nasce programado para apenas uma coisa: a capacidade e objetivo de trazer prazer e alegria aos outros.
Pela simples observao de um beb saudvel, seria difcil negar a meiga natureza latente dos seres humanos. E, a partir dessa nova perspectiva, poderamos defender com sucesso a hiptese de ser inata a capacidade de dar prazer ao outro, a quem lhe devota cuidados.
Mas o que existe desses sentidos no recm-nascido est voltado para o cheiro e para o sabor do leite materno. O amamentar no s fornece nutrientes ao beb; ele serve para aliviar a tenso nos seios. Logo, pode ser que o beb nasce com uma capacidade inata de darprazer me, por meio do alvio da tenso nos seis. O beb tambm est programado em termos biolgicos em reconhecer e reagir a rostos; e so poucas as pessoas que deixam de sentir um prazer autntico quando beb a fita, inocente, seus olhos e sorri.
Alguns etlogos uma teoria a partir dessa constatao, propondo que o um beb sorri para quem cuida dele quando olha para os olhos dessa pessoa, esse beb um "projeto biolgico" profundamente arraigado, Atenciosos, meigos, na pessoa que lhe presta cuidados por sua vez tambm est obedecendo a uma instintiva igualmente irresistvel.
Uma vez que cheguemos concluso de que a natureza bsica da humanidade bondosa em vez de agressiva, o relacionamento com o mundo nossa volta Muda de imediato. Encarar os outros como seres essencialmente bondosos, em vez de hostis e egostas, nos ajuda a relaxar, a confiar, a viver tranqilos. Essa atitude nos torna mais felizes.
Essa simples afirmao pode ser usada como uma ferramenta poderosa para nos ajudar a superar os problemas dirios da vida. A partir dessa perspectiva, passa a ser nossa tarefa descartar o que provoca o sofrimento e acumular o que nos leva felicidade.
O mtodo, a prtica diria, envolve uma expanso gradual da nossa conscientizao e entendimento do que realmente propicia a felicidade e do que no a propicia. Quando a vida se torna muito complicada e nos sentimos assoberbados, costuma ser til dar um simples passo atrs e lembrar a ns mesmos qual nosso propsito geral, nosso objetivo.
Quando deparamos com uma sensao de estagnao e confuso, pode ser valioso tirar uma hora, uma tarde ou mesmo alguns dias para apenas refletir sobre o que de fato nos trar a felicidade, e ento reordenar nossas prioridades com base nessa reflexo. Isso pode pr nossa vida de volta no contexto adequado, permitir uma nova perspectiva e nos possibilitar ver que direo tomar. Podemos, por exemplo, resolver que vamos nos casar,ter filhos ou iniciar estudos para nos tornarmos advogados, artistas ou eletricistas.
A firme resoluo de sermos felizes - de aprender sobre os fatores que conduzem felicidade e de adotar medidas positivas para construir uma vida mais feliz pode ser uma deciso exatamente desse tipo. A adoo da felicidade como um objetivo legtimo e a deciso consciente de procurar a felicidade de modo sistemtico podem exercer uma profunda mudana no restante das nossas vidas. O entendimento que o Dalai-Lama tem dos fatores que acabam propiciando a felicidade baseado em toda uma vida de observao metdica da propriamente, de exames da natureza da condio humana e de investigao desses aspectos dentro de uma estrutura estabelecida pela primeira vez pelo Buda h mais de 25 sculos.
E a partir dessa tradio que o Dalai-Lama chegou a algumas concluses explcitas sobre quais atividades e pensamentos so mais valiosos. Ele resumiu suas crenas nas seguintes palavras que podem ser usadas como uma meditao. E isso faz com que eu me pergunte se utilizamos nosso tempo bem ou no. A utilizao adequada do tempo de extrema importncia. Enquanto tivermos esse corpo e especialmente esse assombroso crebro humano, creio que cada minuto algo precioso.
Nossa existncia diria repleta de esperana,embora no haja nenhuma garantia quanto ao nosso futuro. No h nenhuma garantia de que amanh a esta hora estaremos aqui. Mesmo assim, trabalhamos para isso apenas com base na esperana.
Portanto, precisamos fazer o melhor uso possvel do nosso tempo. Creio que a melhor utilizao do tempo a seguinte: se for possvel, servir aos outros, a outros seres conscientes. Se no for possvel, pelo menos procurar no prejudic-los. Creio que esta toda a base da minha filosofia. O propsito da nossa vida precisa ser positivo. No nascemos com a finalidade de causar problemas de prejudicar os outros. Para que nossa vida tenha valor, creio que devemos desenvolver boas qualidades humanas essenciais - o carinho, a bondade, a compaixo.
Com isso nossa vida ganha significado e se torna mais tranqila, Mais feliz. Ele sorria mas permaneceu calado. Momentos antes, quando estava sentado no saguo do hotel espera do incio da fossa sesso, eu havia apanhado distrado um exemplar de um jornal alternativo local que estava aberto na pgina do "correio sentimental". Passei os olhos rapidamente pelos anncios apinhados, pginas e mais pginas de pessoas em busca, na esperana desesperada de entrar em contato com outro ser humano. Ainda pensando nos anncios quando me sentei para comear minha reunio com o Dalai-Lama, de repente resolvi pr de lado minha lista de perguntas preparadas.
Eu no estava preparado para essa resposta. Imaginava que ela fosse ser algo semelhante a " claro Jamais esperei estar diante de algum que nunca sentisse solido. Ele pensou por um instante. Tento procurar seus aspectos positivos. Essa atitude cria de imediato uma sensao de afinidade, uma espcie de sintonia.
E assim, como esse tipo de medo e apreenso normalmente est ausente, existe uma espcie de franqueza. Acho que esse o fator principal. Existem mtodos especficos aos quais uma pessoa comum poderia recorrer para desenvolver essa atitude? Uma vez que se aceite o fato de que a compaixo no algo infantil ou piegas, uma vez que se perceba que a compaixo algo que realmente vale a pena, que se perceba seu valor mais profundo,.
Se abordamos os outros com a idia da compaixo, isso automaticamente reduz o medo e permite uma franqueza com os outros. Cria uma atmosfera amiga e positiva. Com essa atitude, podemos tentar um relacionamento no qual cada um de ns, por si mesmo, cria a possibilidade de receber afeto ou uma reao positiva por parte da outra pessoa.
E com essa atitude, mesmo que a outra pessoa seja antiptica ou no nos d uma resposta positiva, pelo menos ns a abordamos com uma sensao de abertura que nos proporciona uma certa flexibilidade e a liberdade de mudar nossa abordagem conforme seja necessrio. Esse tipo de abertura, no mnimo, permite a possibilidade de ter uma conversa significativa com ela. No entanto, sem a atitude de compaixo, se estamos nos sentindo bloqueados, irritados ou indiferentes, podemos at ser abordados pelo nosso melhor amigo, e simplesmente nos sentirmos constrangidos.
Para mim, essa atitude errada. Ela leva a problemas e pode atuar como uma barreira que s serve para promover uma sensao de isolamento com relao aos outros. Portanto, se desejamos superar aquela sensao de isolamento e solido, creio que nossa atitude fundamental faz uma enorme diferena.
E abordar os outros com a idia da compaixo na mente a, melhor forma de conseguir isso. Essa crena no nasceu apenas de uma percepo impressionista da minha prpria solido ou do fio de solido que parecia estar entremeado, como um tema secundrio, mas em toda a trama do meu atendimento psiquitrico. Nas vinte ltimos anos, os psiclogos comearam a estudar a solido com um enfoque cientfico, conduzindo uma boa quantidade de pesquisas e estudos sobre o tema.
Uma das concluses mais surpreendentes desses estudos a de que praticamente todas as pessoas relatam que sofrem, sim, de solido, seja atualmente, seja no passado. Numa grande pesquisa, um quarto dos adultos nos Estados Unidos relatou que teria se sentido extremamente s pelo menos uma vez nas vida.
Em virtude da ampla ocorrncia da solido, os pesquisadores comearam a examinar as complexas variveis que podem contribuir para ela. Concluram, por exemplo, que h indivduos solitrios que costumam ter problemas para se expor, ter dificuldades para se comunicar com outros, no sabem ouvir e carecem de certas tticas sociais, como por exemplo a de saber aproveitar deixas em conversas quando concordar com um gesto de cabea, quando responder de modo adequado ou quando permanecer calado.
Esse pesquisa sugere que uma estratgia para superar a solido consistiria em trabalhar para aperfeioar essas tticas sociais. A estratgia do Dalai-Lama, entretanto, parecia desviar-se do. Apesar da minha surpresa inicial, enquanto eu o ouvia falar com tanta convico, vim a acreditar firmemente que ele nunca sentia solido. E havia provas para corroborar sua afirmao.
Com muita freqncia, eu havia testemunhado sua primeira interao com um estranho, que era invariavelmente positiva. Comeou a ficar claro que essas interaes positivas no eram acidentais, nem resultavam simplesmente de uma personalidade naturalmente simptica. Percebi que ele passara muito tempo pensando na importncia da compaixo, cultivando-a com cuidado e usando-a para enriquecer e afofar o terreno da experincia do dia-a-dia, de modo que tornasse aquele solo frtil e receptivo a interaes positivas com os outros - mtodo que pode, na realidade, ser usado por qualquer um que sofra de solido.
No entanto, a compaixo necessria para estimular essa semente que inerente no nosso corao e na nossa mente Dirigindo-se a um pblico de mil e quinhentas pessoas,que tinha no seu meio uma boa quantidade de dedicados estudiosos do budismo, ele passou ento a examinar a doutrina budista do Campo de Mrito. No sentido budista, o Mrito descrito como registros positivos na nossa mente ou "continuum mental", que resultam de aes positivas. O Dalai-Lama explicou que um Campo de Mrito um manancial ou uma base a partir da qual a pessoa pode acumular Mrito.
De acordo com a teoria budista, o estoque de Mrito da pessoa que determina condies favorveis para suas vida, futuras. Esclareceu que a doutrina budista especifica dois Campos de Mrito: o campo dos Budas e o campo dos outros seres conscientes. Um meio de acumular Mrito envolve a gerao de respeito, f e confiana nos Budas, os seres Iluminados. O outro mtodo envolve a prtica de atos relacionados bondade, generosidade, tolerncia e assim por diante acompanhada de um refreamento consciente de aes tais como o assassinato, o roubo e a mentira.
Esse segundo mtodo para conquistar o Mrito exige interaes com outras pessoas, em vez de interao com os Budas. Com base nisso, salientou o Dalai-Lama, as outras pessoas podem nos ser de grande ajuda no acmulo de Mrito. A descrio do Dalai-Lama das outras pessoas como um Campo de Mrito tinha puma bela qualidade 'lrica que parecia se prestar a uma riqueza de imagens. Seu raciocnio lcido e a convico que sustentava suas palavras combinaram-se para conferir fora e impacto especiais sua palestra naquela tarde.
Enquanto eu passava os olhos pelo recinto, pude ver que muitas pessoas na platias estavam visivelmente comovidas. Eu mesmo estava menos fascinado. Graas s nossas conversas anteriores, eu estava nos estgios rudimentares de apreciar a profunda importncia da compaixo; e no entanto ainda me encontrava sob a forte influncia de anos de condicionamento cientfico racional que me faziam encarar qualquer conversa sobre bondade e compaixo como algo um pouco sentimental demais para meu gosto.
Enquanto ele falava, a minha mente. Comecei a olhar furtivamente pelo salo, procura de rostos famosos;, interessantes ou conhecidos. Minha ateno ia e vinha. A certa altura, pude sintonizar para ouvir o que ele dizia, " Fatores tais como a sade, os bens materiais, os amigos e assim por diante. Se vocs examinarem minuciosamente, concluiro que todos eles dependem de outras pessoas.
Para manter a sade, confiamos em medicamentos preparados por outros e em atendimento mdico fornecido por outros. Se pesquisarem todas as instalaes materiais que utilizam para aproveitar a vida, descobriro que praticamente no h nenhum desses objetos materiais que no tenha tido ligao com outras pessoas. Se pensarem com cuidado, vero que todos esses bens existem em conseqncia dos esforos de muita gente, seja direta seja indiretamente. Muitas pessoas esto envolvidas em tornar possveis essas coisas.
Nem preciso dizer que, quando falamos de bons amigos e companheiros como outro fator necessrio para uma vida feliz, estamos falando da interao com outros seres conscientes, com outros seres humanos. Os outros so indispensveis. E assim,apesar de que o processo de relacionar-se com os outros possa talvez envolver dificuldades, brigas e improprios, temos de procurar manter uma atitude de amizade e carinho, a fim de levar um estilo de vida no qual haja interao suficiente com outras pessoas para que se tenha uma vida feliz.
Embora sempre tenha valorizado e apreciado meus amigos e minha famlia, sempre me considerei uma pessoa independente.
Segura de si mesma. Que na realidade se orgulhava de possuir essa qualidade. Em segredo, tive a tendncia a considerar pessoas excessivamente dependentes com uma espcie de desprezo - um sinal de fraqueza. Naquela tarde, porm, enquanto escutava o Dalai-Lama, algo aconteceu.
Como "Nossa dependncia dos outros" no era meu tpico preferido, minha mente voltou a divagar, e eu me descobri, distrado, puxando um fio solto da manga da minha camisa. Prestando ateno por um instante, ouvi quando ele mencionou o grande nmero de pessoas envolvidas na confeco de todos os nossos bens materiais.
Enquanto ele falava, comecei a pensar em quantas pessoas estariam envolvidas na feitura da minha camisa. Comecei imaginando o lavrador que plantou o algodo.
Depois, o vendedor que vendeu ao lavrador o trator para arar a terra. Em seguida, por sinal, as centenas ou at milhares de pessoas envolvidas na fabricao do trator, entre elas includas as que extraram o minrio para fabricar o metal de cada pea do trator. E todos os projetistas do trator. E ento, naturalmente, pensei nas pessoas que processaram o algodo, que teceram o pano e que cortaram, tingiram e costuraram esse tecido.
Os ajudantes de carga e motoristas de caminho que fizeram a entrega loja e o vendedor que me vendeu a camisa. Ocorreu-me que praticamente todos os aspectos da minha vida resultavam de esforos dos outros. A preciosa confiana que eu tinha em mim mesmo era uma total iluso, uma fantasia.
Quando me dei conta disso, fui dominado por uma profunda noo da interdependncia e da interligao de todos os seres. Senti que me enternecia. Alguma coisa. No sei o qu. Fez com que eu sentisse vontade de chorar. Ao mesmo tempo que nossa cultura se encontra enredada na celebrao de uma independncia feroz, tambm ansiamos por intimidade e por uma ligao com um ser amado especial.
Concentramos toda a nossa energia na misso de encontrar aquela pessoa nica que, esperamos, venha curar nossa solido e, entretanto, sustentar nossa iluso de que ainda somos independentes. Embora essa ligao seja difcil de realizar mesmo com uma nica pessoa, eu descobriria que o Dalai-Lama consegue e recomenda que se tenha intimidade com o maior nmero possvel de pessoas. Na realidade, seu objetivo criar essa ligao com todos. Mas, quando examinamos nosso relacionamento com os outros, no fundo so tantas as formas diferentes com as quais podemos nos relacionar, tantos os tipos diferentes de relacionamento As pessoas tm a impresso de que, se no tiverem um relacionamento dessa natureza, algo est faltando na sua vida Na realidade, a psicoterapia ocidental costuma procurar ajudar as pessoas a desenvolver uma relao ntima dessa espcie Suponho que as pessoas o reverenciassem, talvez se sentissem um pouco nervosas ou amedrontadas na sua presena.
Isso no criava um certo distanciamento emocional com relao aos outros, uma sensao de isolamento? Da mesma forma, o fato de viver separado da sua famlia, de ser criado como monge desde a tenra infncia e, como monge, de nunca ter se casado O senhor alguma vez j sentiu que perdeu a oportunidade de desenvolver um grau mais alto de intimidade pessoal com os outros ou com uma pessoa especial, como por exemplo uma esposa?
Naturalmente meu pai j faleceu h muitos anos, mas eu me sentia muito chegado minha me, aos meus mestres, meus professores e a outros. E, com muitas dessas pessoas, eu podia compartilhar meus sentimentos, preocupaes e temores mais profundos.
Quando eu estava no Tibete, em ocasies formais e eventos pblicos, havia uma certa formalidade, era observado um certo protocolo, mas esse nem sempre era o caso. Em outras ocasies, por exemplo, eu costumava passar tempo na cozinha. Fiz amizade com alguns funcionrios da cozinha, e ns podamos.
Creio que em grande parte isso est relacionado minha natureza. Para mim fcil compartilhar as coisas com outros. Simplesmente no sou muito bom para guardar segredos! No entanto, no nvel pessoal, ser aberto e comunicativo pode ser muito til. Graas a essa natureza, posso fazer amigos com maior facilidade; e no se trata apenas de uma questo de conhecer pessoas e ter uma troca superficial com elas, mas de realmente compartilhar meu sofrimento e meus problemas mais profundos.
E o mesmo acontece quando ouo boas notcias. Imediatamente vou compartilh-las com os outros. Por isso, tenho uma sensao de intimidade e ligao com meus amigos. Por exemplo, no passado, se eu me sentia decepcionado ou infeliz com a poltica do governo tibetano ou se estava preocupado com outros problemas, at mesmo com a ameaa da invaso chinesa, eu voltava para meus aposentos e dividia aquele sentimento com a pessoa que varre o cho.
De um ponto de vista pode parecer um total disparate que algum como o Dalai-Lama, o chefe do governo tibetano, diante de dificuldades nacionais ou internacionais, fosse compartilh-las com um faxineiro. O influente psicanalista budista John Bowlby escreveu que "ligaes ntimas com outros seres humanos so o eixo em torno do qual gira a vida de uma pessoa Dessas ligaes ntimas, a pessoa extrai sua fora e seu prazer de viver; e, atravs de suas contribuies, essa pessoa transmite fora e prazer de viver aos outros.
Essas so questes a respeito das quais a cincia atual e a sabedoria tradicional esto de acordo". Est claro que a intimidade promove o bem-estar fsico e psicolgico. Ao examinar os benefcios sade proporcionados por relacionamentos ntimos, pesquisadores em medicina concluram que aqueles que tm boas amizades, pessoas a quem podem recorrer em busca de apoio, solidariedade e afeto, tm maior probabilidade de sobreviver a desafios sade, tais como ataques cardacos e cirurgias de grande porte, e tm menor probabilidade de apresentar doenas como o cncer e infeces respiratrias.
Por exemplo, um estudo de mais de mil pacientes cardacos no Medicai Center da Duke University concluiu que aqueles que no tinham cnjuge ou. Outro estudo com milhares de moradores de Alameda County, na Califrnia, ao longo de um perodo de nove anos, revelou que os que tinham mais apoio social e relacionamentos ntimos apresentavam menores ndices gerais de mortalidade e menor incidncia de cncer. E um estudo realizado na School of Medicine da University of Nebraska, com centenas de idosos, concluiu que aqueles que tinham um relacionamento ntimo apresentavam melhor funo imunolgica e nveis de colesterol mais baixos.
Ao longo dos ltimos anos, houve pelo menos uma meia dzia de pesquisas de grande alcance conduzidas por diferentes pesquisadores que examinaram a relao entre intimidade e sade. Depois de entrevistarem milhares de pessoas, os diversos pesquisadores parecem todos ter chegado mesma concluso: relacionamentos ntimos so, de fato, benficos sade.
A intimidade igualmente importante para a manuteno da boa sade emocional. O psicanalista e filsofo social Erich Fromm afirmou que o medo mais bsico da humanidade a ameaa de ser isolado de outros seres humanos. Para ele, a experincia da separao, vivenciada pela primeira vez na tenra infncia, a fonte de toda a ansiedade na vida humana.
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